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18/04/2004 - Artista paranaense é contratada para o Cirque du Soleil


Uma emocionante aventura de circo com direito a capítulos de indecisões existenciais, paixões arrebatadoras e muitas viagens. Essa é mais ou menos a trajetória da ex-bióloga Denise Wal, que nasceu em São José dos Pinhais, cresceu em Curitiba e, depois de se formar em Biologia pela UFPR, decidiu tornar-se trapezista circense. Assim, seguiu os passos do namorado baiano e foi parar em Montreal para, quem diria, tornar-se artista exclusiva do renomado Cirque du Soleil. Contando assim parece fácil. Mas, em entrevista exclusiva ao Caderno G, Denise explica que a história é um pouco mais longa – e tortuosa – do que parece.

A artista paranaense conta que, até a década de 90, não pensava em ser artista. Estudiosa, passou no vestibular de Biologia da Universidade Federal do Paraná e, depois de se formar, foi trabalhar como pesquisadora na área de Biologia Celular. Começou na Federal e, mais tarde, foi para o Instituto Lutz, em São Paulo, na área de pesquisa contra o câncer. Quatro anos depois, assim de repente, surgiu a dúvida. “Chegou a hora em que tinha que ter dedicação exclusiva voltada à pesquisa, ou partir para outra coisa. E decidi dar um tempo antes de iniciar um mestrado”, conta, com naturalidade.

Assim, no começo dos anos 90, Denise deixou a Biologia de lado – “mas sempre deixando as portas abertas” – e saiu em busca das tais “outras coisas” que tanto procurava. Começou fazendo teatro e passou pelos estudos de canto e violão. Acabou trabalhando numa agência de performances. Nessa época, conheceu o Circo Popular do Brasil (dirigido pelo ator Marcos Frota) e, curiosa, descobriu que existia em São Paulo uma escola de circo. Sem saber, Denise estava, naquele momento, começando a carimbar sua entrada para o imponente Cirque du Soleil.

História de amor

Denise lembra com um que de nostalgia do Circo-Escola Picadeiro, em 1996. Foi lá que ela aprendeu o bê-a-bá circence. Primeiro, com uma aula por semana. Foi envolvendo-se tanto que passou para duas, três... até começar a ir às aulas todos os dias. “Essa escola dá a liberdade de aprender todas as disciplinas circenses dentro da técnica tradicional”, conta.

Os circos

Antes de continuar o relato de sua aventura, a artista pediu para abrir um parentêses e explicar algumas diferenças entre o circo tradicional e o contemporâneo.

“No circo contemporâneo, as músicas são diferentes, não existe mais o apresentador e há uma história por trás do espetáculo, que trabalha cada personagem. O circo contemporâneo é mais multimídia, usa o balé e a dança moderna. E hoje, apesar de estar trabalhando no circo contemporâneo, tenho um carinho e um respeito muito grande pelo circo tradicional, pois, foi nele que aprendi toda a técnica. Ele é o berço de tudo”, revela.

Primeiros passos

Voltando ao início de carreira circense, Denise admite que começou no circo mais tarde do que o normal – aos 26 anos – e, por isso, “treinava muito e dedicava-se bastante”. Dois anos depois, foi trabalhar profissionalmente como “volante no trapézio de vôos”. Traduzindo: volante é aquela artista que se balança no trapézio, joga-se no ar, dá giros e acaba sendo agarrada pelo aparador (a outra função do trapézio).

No ano 2000, Denise e alguns amigos criaram uma pequena companhia. Nessa ocasião, Denise já era uma “aerealista” – que, na linguagem circense, define quem é especialista em números aéreos. A artista paranaense foi uma das pioneiras no Brasil com a técnica do tecido – número realizado com um tecido de aproximadamente dez metros, que serve para acrobacias aéreas utilizando nós em volta do corpo.

E, assim, a vida de Denise ia seguindo até que um dia apareceram no Brasil alguns caçadores de talentos do Cirque du Soleil – pessoas que viajam o mundo inteiro à procura de artistas. E, no ano 2000, houve uma audição. Preparadíssima, ela fez o teste e... não passou. “Fiz um número específico para tecido, mas eles não estavam precisando de ninguém nessa área”, relembra.

Na mesma audição, o namorado de Denise, o baiano Jailton Carneiro, passou no teste e foi para o Canadá. “Acabei por acompanhá-lo”, conta a artista. Decidida, nossa aerealista fez outro teste em Montreal. Dessa vez passou e ficou numa lista de espera. No ano passado, oito meses depois, foi chamada para fazer um número de cordas (apresentação aérea que tem a mesma base do tecido – com uma corda pendurada que a artista enrola no corpo e da qual faz quedas) no espetáculo Quidam, em turnê pelo Japão.

Feliz da vida, Denise Wal recorda que a oportunidade surgiu para substituir uma artista que havia pedido um desligamento temporário da turnê japonesa. A chance não foi desperdiçada. No início deste ano, a paranaense foi incorporada ao elenco da famosa companhia canadense – com contrato assinado para a próxima turnê, em maio, no Canadá, e segue para Austrália, Nova Zelândia e Coréia.

Denise confessa que, depois de passar por circos amadores, conquistar um lugar na segunda maior empresa do mundo no ramo do entrenimento (a primeira é a Disney) não mexeu com sua cabeça. “Eles também começaram pequenos. O importante no circo é ter simplicidade e não pensar só no dinheiro”, diz sincera. Para ela, a contratação veio num momento interessante da vida profissional. “Está sendo uma experiência enriquecedora e gratificante. A gente conhece muitas culturas diferentes, faz amigos e viaja muito. E tem contato com uma estrutura extremamente profissional”, resume.

Mas, para quem pensa que tudo são flores, Denise conta que a vida no Cirque du Soleil também tem seus sacrifícios. “A dedicação é exclusiva e o trabalho é muito pesado. Na turnê japonesa, fazíamos dez shows por semana, sem contar os treinos individuais e coletivos. Uma coisa é certa: eles dão toda a estrutura para o artista, mas, em contrapartida, devemos estar 100% no palco”, explica. Mas, que ninguém entenda isso como uma queixa. Definitivamente, não é.

Nem poderia ser. Denise revela que uma das características que mais chamou sua atenção foi o ambiente de trabalho. “Parece que a simpatia é um pré-requisito para trabalhar no Cirque du Soleil. O relacionamento é muito amigável e, ao mesmo tempo, existe um profissionalismo muito grande. Se você está lá, é porque você tem uma coisa muito boa para oferecer a eles e, principalmente, para o público”, finaliza.

Fonte: Gazeta do Povo
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