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05/04/2004 - Cidades gêmeas querem ser uma só


O povoado dividido em dois no ano de 1917 – pelo acordo que definiu o limite territorial entre Paraná e Santa Catarina, no cessar-fogo da Guerra do Contestado – funciona hoje como um único centro urbano. Mesmo separados pela estrada de ferro, construída em 1906 e adotada como divisa pelos dois estados, os moradores de União da Vitória (PR) e de Porto União (SC) declaram fazer parte de uma mesma cidade. Se não fossem os trilhos de quase um século, que cortam ruas centrais e prejudicam o trânsito, boa parte dos 80 mil habitantes da região já teria esquecido onde fica a fronteira.

A Guerra do Contestado deixou um saldo de pelo menos 5 mil civis mortos, feridos e desaparecidos na região. O avanço de grupos liderados por "fanáticos" como o monge José Maria foi interpretado, no início do século passado, como uma invasão catarinense ao território do Paraná. O governo paranaense enviou tropas armadas ao local. A intervenção de 7 mil homens do Exército Brasileiro pôs fim ao conflito, que se estendeu por cinco anos. A operação militar foi a primeira a utilizar aviões no Brasil. Entre os soldados, a baixa foi de 800 mortos e feridos.

Os conflitos ficaram nos livros de História, que ora relacionam a divisão das cidades ao Contestado e ora atribuem o problema apenas ao acordo oficial firmado entre Paraná e Santa Catarina. Hoje, mesmo quem torce pela manutenção dos trilhos defende a união das duas cidades. "A estrada de ferro tem valor histórico inestimável, e deve ser conservada. Mas se União e Porto União pertencessem ao mesmo estado, seria mais cômodo para a população", diz a historiadora Lídia Ilkiu, de 54 anos.

Ela considera que a população dos dois municípios descende dos imigrantes poloneses, russos, austríacos e ucranianos que chegaram à região no início do século 18. Além disso, a origem de ambos deve-se ao tropeirismo e às expedições de navegantes pelo Rio Iguaçu. Estes fatores, associados ao convívio amigável, é que teriam rendido aos municípios o apelido de cidades gêmeas.

O comércio, os restaurantes, os bares e casas noturnas de União da Vitória e Porto União atendem a mesma clientela. Os moradores das duas cidades atravessam a divisa do Paraná com Santa Catarina para ir à igreja, à banca de jornal, ao teatro e ao cinema. Advogados de União da Vitória (PR) e Porto União (SC) fazem parte de uma única associação. O Corpo de Bombeiros de Santa Catarina atende pedidos de socorro do Paraná. A Sanepar e a Copel fornecem água e energia elétrica aos catarinenses.

Para muitos moradores, a divisa se tornou um problema. Produtores de queijo e leite, por exemplo, precisam de registro nacional para comercializar suas mercadorias do lado oposto dos trilhos. A inspeção estadual não é suficiente para evitar apreensões da Vigilância Sanitária. A aposentada Vitória Rodrigues, de 58 anos, que mora em Porto União, reclama que precisa tomar dois ônibus para visitar amigos na cidade que tem seu nome, a menos de dez quilômetros de casa. "Se tivesse transporte integrado, economizaria R$ 2,40 por viagem".

A Estação Ferroviária construída há 60 anos, onde funcionam centros de exposições artísticas e de documentação histórica, teve apenas o lado paranaense restaurado. O governo de Santa Catarina se limitou a pintar a construção, alegando que o projeto do Paraná alterava as características do prédio. As prefeituras informam que problemas do gênero comumente acontecem quando alguma questão depende de decisão dos governos estaduais. A divisa tem elevado as despesas dos municípios. As duas cidades, que somam pouco mais de 80 mil habitantes, mantêm 26 vereadores, cinco a mais do que municípios com população três vezes maior, como Londrina, Maringá e Ponta Grossa.

Em vilas como Vice-King (Porto União) e Limeira (União da Vitória), a divisa está se apagando. Os trilhos da antiga estrada de ferro vêm sendo arrancados e os moradores já não sabem exatamente onde fica o limite de cada estado. "Ninguém vai conseguir separar uma cidade da outra", diz o comerciante Justino Koslowicz, de 31 anos.
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